A PUPUNHA UMA PALMEIRA AMAZÓNICA:
Pupunheira
Palmeira
nativa dos trópicos úmidos americanos, a pupunheira (Bactris gasipae)
produz cachos grandes de frutos comestíveis, utilizados de variadas
maneiras. Considerado alimento básico em algumas regiões, o fruto tem
sabor agradável e alto valor nutritivo. É consumido cozido e presta-se
à extração de óleo ou à produção de farinha, usada na alimentação
humana e animal.
Os
frutos da pupunheira constituem um alimento essencialmente energético,
mas contêm quantidades pequenas de proteína, óleo, caroteno (pró-vitamina
A), vitaminas B, C e ferro. Os frutos e seus derivados, quando crus,
contêm uma enzima, que inibe a digestão de proteínas, e um ácido,
que provoca irritação na mucosa da boca.
Clima
e solo
A
pupunheira vem sendo explorada com sucesso, pois adapta-se com
facilidade às mais diversas condições climáticas. As condições
ambientais ideais encontram-se
nos climas quentes e úmidos, com temperatura média acima de 22° C e
abundância de chuvas (acima de 2.000 mm anuais), bem distribuídas ao
longo do ano. Para desenvolver-se bem, a planta exige solos bem
drenados, de fertilidade de média a alta, pH próximo ao neutro (7,0) e
com textura média ou leve. Apesar de a pupunheira necessitar de muita
água, não tolera solos encharcados, que limita o seu cultivo. Nos
solos ácidos e de baixa fertilidade, desde que devidamente corrigidos e
adubados, a pupunheira apresenta bom crescimento.
Variedades
De
forma geral, as variedades ou tipos de pupunheira são agrupadas segundo
a coloração da casca dos frutos (do vermelho intenso ao alaranjado e
do amarelo ao rajado e do verde-amarelo), o teor de óleo na polpa e a
existência ou não de sementes nos frutos. Recentemente, as pupunheiras
foram classificadas, também, em raças com base na espessura da polpa,
isto é microcarpa, mesocarpa e macrocarpa.
O
peso do fruto vaia de 20g a 100g ou mais, de acordo com a consistência
seca, feculenta ou muito oleosa da polpa.
A
escolha da variedade a plantar depende da finalidade da exploração.
Germinação
As
sementes não suportam secagem e são sensíveis a baixas temperaturas.
Quando o teor de umidade cai para níveis próximos a 35%, começam a
perder a capacidade de germinação. Se a umidade chega a 15%, perdem
completamente seu poder germinativo. Temperaturas abaixo de 15° C são
prejudiciais à preservação da capacidade de germinação. As sementes
se tornam totalmente inviáveis quando submetidas, mesmo por curtos períodos,
à temperatura de 10° C.
Semeadura
Faz-se
a semeadura em sulcos distanciados 5 m ente si, à profundidade de 2cm,
dispondo-se as sementes na posição horizontal, numa densidade de 40
por metro linear, o que possibilita a semeadura de 800 sementes em cada
metro quadrado de sementeira.
A
operação de transplantio da sementeira para sacos de plásticos,
denominada repicagem, é efetuada quando as mudinhas apresentarem 10 cm
de altura (de 20 a 25 dias após a germinação). Efetua-se a repicagem
com máximo de cuidado,
evitando destacar a mudinha da semente que lhe deu origem, pois esta
ainda representa importante fonte de alimentação para a planta recém-germinada.
Os
sacos devem conter a mesma mistura indicada para o sistema de semeadura
direta, adicionando-se, porém, 4,5 g de superfosfato triplo, 1 kg de
cloreto de potássio, 10 g de bórax, 20 g de sulfato de zinco e 1 kg de
carbonato de cálcio para cada metro cúbico de terriço com esterco. A
primeira adubação com uréia deve ser feita dez a quinze dias após a
repicagem, valendo-se dos mesmos procedimentos descritos anteriormente.
As
mudas serão levadas ao campo, para o plantio no local definitivo,
quando apresentarem de 30 a 40 cm de altura.
Preparo da área
As
áreas destinadas ao cultivo de pupunheiras para a produção de palmito
devem ser aradas e gradeadas, visando facilitar o plantio das mudas, já
que o espaçamento entre as covas é pequeno.
Assim,
recomenda-se, preferencialmente, o uso de áreas com vegetação de
pequeno porte, para que essas operações sejam simplificadas.
Nos
plantios destinados à produção de frutos, as operações e gradagem
podem ser dispensadas, exigindo-se somente uma roçagem da vegetação
existente na área.
Espaçamento
O
espaçamento usado na cultura depende do tipo de exploração. No caso
de cultivo destinado à produção de frutos, recomenda-se o espaçamento
de 6 x 6 m, em triângulos, o que permite uma população de 320 plantas
por hectare. Nos plantios destinados à produção de palmito, o espaçamento
deve ser de 2 x 1 m, obtendo-se uma população de 5.000 plantas por
hectare.
Plantio
O
plantio deve ser realizado no início da época das chuvas, para que a
planta aproveite todo o período chuvoso e apresente bom desenvolvimento
inicial, adquirindo resistência para enfrentar possíveis estiagens. As
covas deverão medir 40 x 40 x 40 cm.
Tratos
culturais
Coroamento
é feito por meio de capina ou roçagem
em torno das plantas, eliminando-se as plantas daninhas.
Opcionalmente, essa operação pode ser feita com o uso de herbicidas.
Desbaste
– É prática fundamental nos plantios em que se deseja a produção
de frutos. Consiste em eliminar os perfilhos excedentes, iniciando-se
dois anos após o plantio, para que, em cada touceira, permaneçam de três
a quatro plantas adultas. O desbaste, desde que bem executado, é feito
somente uma vez por ano.
Roçagem
– A área restante, representada pela faixa das estrelinhas, pode ser
roçada manualmente ou com máquina, rebaixando-se as plantas daninhas,
sem necessidade de revolver o solo.
Adubação
– Nos plantios destinados à produção de frutos, recomenda-se aplicação
por planta em cobertura, durante os dois primeiros anos de 100 g de
sulfato de amônio, 100 g de superfosfato triplo e de 100 g de cloreto
de potássio, aplicados em duas parcelas. A partir do terceiro ano, aumentam-se as dosagens para 150 g
de superfosfato de amônio, 200 g
de superfosfato triplo e 200 g de cloreto de potássio.
Para
a produção de palmito adubam-se as plantas, no primeiro ano com 100 g
de sulfato de amônio, 50 g de superfosfato triplo e 20 g de cloreto de
potássio. A partir do segundo ano duplicam-se essas doses.
Pragas
e doenças
Na
Amazônia, a principal praga é a abelha-de-cachorro, também conhecida
como arapuá (Melipona ruficrus), que durante a floração destrói
as flores e os botões florais, reduzindo a produção. A medida de
controle recomendada consiste na eliminação dos ninhos, geralmente
encontrados na capoeira e na mata das proximidades.
A
pupunheira também é atacada por lagartas esverdeadas, que têm o hábito
de enrolar os folíolos para se alimentar e se proteger de seus inimigos
naturais. Para controla-las, usam-se inseticidas fosforados, na
concentração de 1g do produto comercial para 1 litro de água.
Como
principais doenças incluem-se a antracnóse (manhas nas folhas),
causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, e a podridão-negra-dos
frutos ocasionada inicialmente pelo fungo thielaviopsis paradoxa, em sua
forma imperfeita, e pelo Ceratocytis paradoxa, na forma perfeita.
O
controle deve ser feito a partir da formação de mudas no viveiro e no
início da floração, continuando no decorrer da frutificação,
principalmente na época da umidade excessiva, com pulverizações com
produtos à base de cobre.
Colheita
As
plantas iniciam a produção no terceiro ano depois do plantio tendendo
a frutificação a estabilizar-se a partir do sexto ano, atingindo uma
produtividade em torno de 20t/ha/ano.
Quando
os frutos alcançam o ponto de maturação, faz-se a colheita para tanto
se usa varas com podão preso na extremidade.
José
Monteiro
Engenheiro Agrônomo, MS
Extraído do Jornal CEPLAC Notícias - agosto 2000
Engenheiro Agrônomo, MS
Extraído do Jornal CEPLAC Notícias - agosto 2000
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