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Festa de São Francisco de 04 a 08 de outubro de 2017 em Ponte Alta. Confiram a programação!
Há 105 anos a Irmandade de São Francisco em Ponte Alta celebra o dia de São Francisco em 04 de outubro de 2017. Conheçam a origem da festa.
por Valdeque Matos - UniversoMT
Devotos de São Francisco celebram uma tradição que não se perde no tempo, mantendo a sua peculiaridade no local que foi instalado o primeiro assentamento de Mato Grosso, na região onde está a comunidade de Ponte Alta, no município de Chapada dos Guimarães. É a festa da Irmandade de São Francisco, que todos os anos, há mais de um século, reúne durante quatro dias milhares de pessoas, vinda de todos os cantos do estado e, também, de outras unidades da federação.
Organizada pela Irmandade de São Francisco de Ponte Alta, a festa religiosa, que ocorre, anualmente, em torno do Dia de São Francisco de Assis, comemorado em 4 de outubro, é uma herança dos primeiros moradores do local, que um dia foi uma comunidade agrícola formada por famílias vindas do Ceará, no final do século XIX. A Irmandade de Ponte Alta congrega descendentes destas famílias de cearenses, inclusive com muitos deles morando em Rondonópolis.
A 105º edição da festa em Louvor a São Francisco de Assis, o santo católico protetor dos animais e que tem muitos devotos no nordeste brasileiro, começa na noite de quarta-feira (4 de outubro), com uma missa na capela da comunidade de Ponte de Alta, distante cerca 150 km de Rondonópolis e a 25 km de Campo Verde. Este ano, uma das missas será celebrada pelo Frei Leodir Carraro, que é pároco da Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, em Rondonópolis. O encerramento da festa acontece no domingo (8 de outubro), com missa, churrasco, leilão e o sorteio dos festeiros do próximo ano.
Nos dias da festa acontecem animados bailes, leilões e, além disso, são oferecidos aos participantes, gratuitamente, almoço, janta e café da manhã. Este ano são esperadas mais de quatro mil pessoas, vindas de vários lugares. Inclusive, estarão lá muitos “irmãos”, como são chamados os descendentes dos primeiros moradores da comunidade, que moram hoje em Rondonópolis.
“Matar a saudade”
Os descendentes aproveitam os quatros dias da festa de homenagem a São Francisco para “matar a saudade”, reverenciar a memória dos antepassados e manter viva a festa religiosa, que é uma das mais tradicionais de Mato Grosso. “Muitos saem de longe, até mesmo de outros estados, para participarem dos quatro dias de festa”, conta Solange Campos, que é proprietária da fazenda, onde hoje a comunidade se localiza.
Uma delas é a filha de Solange, Helen Campos (31 anos). Professora da rede estadual, em Rondonópolis, onde mora há três anos, estará lá mais uma vez, acompanhada da filha de seis anos, que é da quarta geração da irmandade de São Francisco de Ponte Alta. “Participo desde pequena, gosto muito. É uma tradição nossa que vai passando de geração para geração. Faço questão de levar minha filha, para que este costume siga, não acabe”.
Outro morador de Rondonópolis que estará presente na festa é o empresário do ramo de restaurante, Edmildo Campos, o Rico. Nascido em Ponte Alta, o filho de pioneiros da comunidade, o casal Francisco Campos e Jovelina Campos Melo, tem 63 anos e todos anos vai até Ponte Alta.
Ele, que mora em Rondonópolis desde 1991, estará lá no fim de semana ao lado da esposa, uma neta e o irmão, Supriano da Silva (74 anos). “A festa faz parte da minha vida. Todos os anos estamos lá. Temos irmãos espalhados por todo lado, a festa é um momento para reunirmos e matar a saudade”, define Rico.
Os membros da irmandade levam ao pé da letra um dos ensinamentos de São Francisco: “é dando que se recebe”. Tanto que nos quatro dias de festa uma fartura de comida é oferecida, gratuitamente, para todos que chegam para participar das homenagens a São Francisco. No local, tem mais de 200 suítes, pertencentes aos membros da irmandade e servem para abrigar os participantes da festa.
Para alimentar todos festeiros, é preciso preparar muita comida. Só de linguiça, feita de forma artesanal à base de carne suína e bovina, são mais de três mil metros. Para deixar tudo pronto, os trabalhos de preparação do local começam pelo menos 15 dias antes do início dos festejos.
Começo de tudo
A história desta comunidade, que abriga uma das mais antigas e tradicionais festas religiosas de Mato Grosso, foi fruto de uma pesquisa da historiadora Salvelina Campos Pinheiro Melo, que é uma das descendentes. O estudo dela, que foi o trabalho de conclusão do curso na Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, em 2001, conta um pouco das raízes da comunidade.
Denominada de “Colonização, decadência e religiosidade de Ponte Alta”, a pesquisa aponta que a área, de cerca de três mil hectares, onde está a comunidade pertencia, no século XIX, ao senhor de engenho Agostinho Pereira Macedo, inclusive a região abriga as ruínas do que um dia foi a Casa-grande.
Quando Agostinho, que também era conhecido como “capitão”, morreu, a propriedade passou para o Estado, já que não possuía herdeiros. Isso já no final do século XIX foi quando pela primeira vez em Mato Grosso, experimentar um projeto de reforma agrária.
Em 1898, cerca de 40 famílias de cearenses vieram para Mato Grosso, fugindo da seca “brava” que castigava o nordeste. Cada uma delas recebeu sete hectares no projeto de assentamento. Três anos depois, em 1901, mais uma leva de migrantes cearenses veio e se instalou na região. Ao longo das décadas seguintes, outros também vieram, buscando melhores condições de vida junto aos seus conterrâneos.
A pesquisa aponta que, no início dos anos 60, muitos moradores deixaram a comunidade. Eles foram atraídos pelos diamantes extraídos em regiões garimpeiras, em Paranatinga. Hoje, os descendentes estão espalhados por várias cidades. Mesmo assim, não se esquecem de suas raízes, reunindo uma vez por ano, numa grande festa, em torno do Dia de São Francisco.
Origem da festa
Quanto a origem da festa, Solange conta que um dos migrantes vindo da cidade de Canindé de São Francisco fez uma promessa ao seu santo de devoção que, se no lugar da nova morada tivesse água, ele traria uma imagem e construiria uma capela.
Em 1900, dois anos depois da chegada à região da Ponte Alta, feliz por morar em um lugar onde havia água em abundância e fartura de alimentos, o nordestino, cujo nome era Antônio Vicente, foi até o Ceará. Ao retornar para Mato Grosso, cumpriu a promessa, trazendo na bagagem uma imagem de São Francisco de Assis. A capela foi construída em regime de mutirão, pelos membros da comunidade.
Capela pronta, em 1912, decidiram fazer uma festa. Pediram ao fazendeiro vizinho a doação de carne. Ele disse que tinha um boi, que era muito bravo e se alongou no mato. Caso conseguisse apanhá-lo, poderiam matá-lo para ser servido na festa. “O tal boi foi capturado, começando assim a festa da Ponte Alta”, resume Solange.
Nos preparativos para a realização dos festejos, a fé se transforma em trabalho. Segundo ela, por dias a fio, os devotos de São Francisco dedicam-se ao trabalho de limpar o local da festa, enfeitar os salões onde acontecem os bailes, o leilão e são servidas as refeições, bem como no preparo das refeições. “Tudo é feito com doações e todos são voluntários, demonstrando que quem acredita também se doa para louvar nosso santo padroeiro”, frisa Solange.
Escolha dos organizadores da festa anual de São Francisco é por sorteio
De acordo com Solange Campos, todo ano são sorteadas quatro pessoas que assumirão as funções de festeiro, festeira, capitão do mastro e alferes da bandeira. “Eles terão a missão de preparar os festejos do ano seguinte, mantendo assim viva a nossa tradição”, explica.
Segundo ela, cabe a função do festeiro organizar todo o evento, pedir doações para os leilões e o custeio de despesas com alimentação, que é oferecida gratuitamente aos devotos. Geralmente, ele viaja por todos municípios do Estado, que contam membros da irmandade.
Já a festeira fica responsável de fazer a decoração de todo local. O capitão do mastro, por sua vez, tem a missão de escolher e extrair a madeira da mata, que mais tarde se transformará em um dos símbolos da festa. Só que a escolha ele não faz sozinho. “É acompanhado por amigos que cantam, dançam, tocam viola e acordeão e fazem brincadeiras”, conta Solange. Após a escolhida a madeira, cabe, então ao alferes enfeitar o mastro e confeccionar a bandeira, que traz a imagem de São Francisco. “Tudo é muito lindo. A história desta festa é encantadora”, completa
Solange revela que nos quatro dias de festa em homenagem a São Francisco de Assis, o protetor dos animais e padroeiro da ecologia, são rezados terços. No sábado é servida uma feijoada e ocorre uma procissão iluminada por velas, que sai da capela, contorna o pátio e volta ao ponto inicial. A missa acontece na abertura e no domingo, quando o prato principal do dia é um suculento churrasco. Já os bailes, que são famosos em toda região, acontecem todos os dias da festa. Toda a produção da festa é feita com doações e tudo de forma voluntária.
PROGRAMAÇÃO
QUARTA FEIRA
Missa na Capela da Comunidade da Ponte Alta
QUINTA FEIRA
Celebração as 19 hs
Jantar as 20 hs
Baile da Saudade (3ª idade de Campo Verde) com Neri Gaiteiro e Rafael.
SEXTA FEIRA
Café da manhã das 07 hs as 09 hs
Almoço das 11:30 as 14 hs
Levantamento do Mastro e Missa as 19 hs
Jantar das 20 hs as 22 hs
Baile as 21 hs com Banda Inocentes, Zeca e Carol, Agnelo dos teclados, Som Overnight, Neri Gaiteiro e Rafael.
SÁBADO
Café da manhã das 07 hs as 09 hs
Chegada da Cavalgada com abertura oficial e chegada de São Francisco
Inscrição para Moda de Viola as 10 hs
Almoço com tradicional feijoada das 11:30 as 14 hs
Apresentação da Moda de Viola as 14 hs
Inicio da Procissão com a imagem de São Francisco as 17:50 hs
Jantar das 20 hs as 22 hs
Baile as 21 hs com Banda Inocentes, Zeca e Carol, Agnelo dos teclados, Som Overnight, Neri Gaiteiro e Rafael.
DOMINGO
Café da manhã das 07 hs as 09 hs
Missa festiva as 09 hs
Leilão de gado e prendas as 11 hs. Após o leilão escolha dos novos festeiros de 2018
Almoço dançante com Zeca e Carol das 11:30 as 14 hs
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