Níveis dos mares podem aumentar muito mais rápido do que se esperava
O aquecimento global pode levar a temperatura do planeta a nível semelhante de 125 mil anos atrás, quando os oceanos eram até nove metros mais altos
20/12/2018 - 09H41/ ATUALIZADO 09H42 / POR REDAÇÃO GALILEU
Há 125 mil anos, em um breve período entre eras glaciais, a temperatura era apenas um pouco maior que hoje. O nível do mar, no entanto, era entre seis e nove metros mais alto, deixando submersas muitas áreas que hoje conhecemos como terra firme.
Segundo um documento divulgado durante uma reunião da União Geofísica Americana, em Washington, nos Estados Unidos, esse volume de água extra do período Eemiano veio do colapso do manto de gelo no oeste da Antártida. Por ter base abaixo do nível do mar, o aquecimento das águas oceânicas tem forte influência sobre essa parte do manto de gelo, que derrete rapidamente.
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O problema é que a temperatura global está cada vez mais próxima da de 125 mil anos atrás. “O grande aumento na perda de massa observado na última década ou duas talvez seja o começo desse processo, e não um acontecimento de curto prazo”, afirmou Jeremy Shakun, paleoclimatologista do Boston College.
Se for assim, o mundo talvez precise se preparar para o aumento nível do mar mais rápido do que o esperado: uma vez que o antigo colapso da camada de gelo começou, as águas oceânicas subiram cerca de 2,5 metros por século.
Segundo um documento divulgado durante uma reunião da União Geofísica Americana, em Washington, nos Estados Unidos, esse volume de água extra do período Eemiano veio do colapso do manto de gelo no oeste da Antártida. Por ter base abaixo do nível do mar, o aquecimento das águas oceânicas tem forte influência sobre essa parte do manto de gelo, que derrete rapidamente.
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Se for assim, o mundo talvez precise se preparar para o aumento nível do mar mais rápido do que o esperado: uma vez que o antigo colapso da camada de gelo começou, as águas oceânicas subiram cerca de 2,5 metros por século.
Durante o Eemiano, a temperatura global era 2°C acima dos níveis pré-industriais (em comparação com 1°C hoje). Os gases de efeito estufa não foram os responsáveis pelo aquecimento, e sim as pequenas mudanças na órbita e no eixo de rotação da Terra. A Antártida era, inclusive, mais fria do que é hoje. O mistério era o que teria causado o aumento do nível do mar, descoberto por meio de fósseis de corais em áreas secas.
A pesquisa
Um grupo de geólogos glaciais da Universidade Estadual de Oregon, também nos Estados Unidos, focou seus esforços de pesquisa no extremo sul do planeta. Os cientistas começaram usando núcleos de sedimentos marinhos ao longo da borda do manto de gelo ocidental. Estudando 29 núcleos, identificaram assinaturas geoquímicas para três diferentes regiões de origem: a montanhosa Península Antártica; a província de Amundsen, perto do mar de Ross; e a área intermediária, ao redor da geleira Pine Island, que é bastante vulnerável ao degelo.
Com essas impressões digitais, a equipe analisou os sedimentos marinhos de um único núcleo, perfurados mais longe no mar de Bellingshausen, a oeste da Península Antártica. Uma corrente estável circula ao longo da plataforma continental da Antártida Ocidental, coletando sedimentos pelo caminho.
A corrente despeja grande parte desse lodo perto do local do núcleo, onde se acumula rapidamente e captura microorganismos com casca chamados foraminíferos, que podem ser datados comparando suas proporções de isótopos de oxigênio com aquelas em núcleos com datas conhecidas. Ao longo de um trecho de 10 metros, o núcleo continha 140 mil anos de sedimentos.
Durante a maior parte desse período, esses sedimentos continham assinaturas geoquímicas de todas as três regiões do leito da Antártica Ocidental, relatou a equipe, sugerindo erosão contínua por gelo. Mas em uma seção datada do início do Eemiano, as impressões digitais se apagaram: primeiro da geleira Pine Island, depois da província de Amundsen.
A pesquisa
Um grupo de geólogos glaciais da Universidade Estadual de Oregon, também nos Estados Unidos, focou seus esforços de pesquisa no extremo sul do planeta. Os cientistas começaram usando núcleos de sedimentos marinhos ao longo da borda do manto de gelo ocidental. Estudando 29 núcleos, identificaram assinaturas geoquímicas para três diferentes regiões de origem: a montanhosa Península Antártica; a província de Amundsen, perto do mar de Ross; e a área intermediária, ao redor da geleira Pine Island, que é bastante vulnerável ao degelo.
Com essas impressões digitais, a equipe analisou os sedimentos marinhos de um único núcleo, perfurados mais longe no mar de Bellingshausen, a oeste da Península Antártica. Uma corrente estável circula ao longo da plataforma continental da Antártida Ocidental, coletando sedimentos pelo caminho.
A corrente despeja grande parte desse lodo perto do local do núcleo, onde se acumula rapidamente e captura microorganismos com casca chamados foraminíferos, que podem ser datados comparando suas proporções de isótopos de oxigênio com aquelas em núcleos com datas conhecidas. Ao longo de um trecho de 10 metros, o núcleo continha 140 mil anos de sedimentos.
Durante a maior parte desse período, esses sedimentos continham assinaturas geoquímicas de todas as três regiões do leito da Antártica Ocidental, relatou a equipe, sugerindo erosão contínua por gelo. Mas em uma seção datada do início do Eemiano, as impressões digitais se apagaram: primeiro da geleira Pine Island, depois da província de Amundsen.
Suas conclusões, no entanto, ainda são preliminares. A datação não é precisa, significando que a erosão pode ter ocorrido em outra época, e as próprias correntes oceânicas podem ter mudado temporariamente ao longo dos milênios, o que acabaria com toda a hipótese.
Para tirar a prova, um navio parte em janeiro para uma nova rodada de pesquisas com duração de três meses. A ideia é fazer a perfuração de mais cinco núcleos marinhos ao largo da Antártida Ocidental.
O objetivo é que os resultados fiquem prontos antes da conclusão do próximo relatório climático do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Nos relatórios de 2001 e 2007, o colapso da Antártida Ocidental não foi sequer considerado em estimativas do nível do mar no futuro. Suas descobertas podem indicar que, se a temperatura do planeta chegar próxima da que era durante o Eemiano, o nível do mar também acompanhe o aumento, com consequências ainda pouco exploradas pela ciência.
Para tirar a prova, um navio parte em janeiro para uma nova rodada de pesquisas com duração de três meses. A ideia é fazer a perfuração de mais cinco núcleos marinhos ao largo da Antártida Ocidental.
O objetivo é que os resultados fiquem prontos antes da conclusão do próximo relatório climático do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Nos relatórios de 2001 e 2007, o colapso da Antártida Ocidental não foi sequer considerado em estimativas do nível do mar no futuro. Suas descobertas podem indicar que, se a temperatura do planeta chegar próxima da que era durante o Eemiano, o nível do mar também acompanhe o aumento, com consequências ainda pouco exploradas pela ciência.
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