sábado, 15 de dezembro de 2018

Quais as chances da NASA encontrar vida em Marte?

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Posted: 14 Dec 2018 10:00 AM PST


Publicado no UOL
A próxima missão da NASA à Marte deve pousar no Planeta Vermelho em 2021 com o objetivo específico de tentar identificar evidências biológicas de vida marciana.
E quais são as chances de finalmente a encontrarmos, desta vez?
Boas. Segundo cientistas da agência espacial norte-americana, pode ser mais fácil detectar sinais de vida antiga em Marte do que na Terra.
Questão de preservação
O robô da NASA estará em busca de pistas em rochas com talvez 3,9 bilhões de anos.
Confirmar a vida na Terra nessa idade é bastante difícil, mas Marte pode ter uma melhor preservação do que nosso planeta.
Tudo se resume aos processos dinâmicos que constantemente agitam e reciclam rochas na Terra – processos que podem apagar os vestígios de vida, mas que provavelmente não existiam no Planeta Vermelho no início de sua história.
“Não acreditamos, por exemplo, que Marte tivesse placas tectônicas da maneira que a Terra teve na maior parte de sua história”, disse Ken Williford, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA na Califórnia (EUA). “A maior parte do registro de rochas da Terra foi destruída por subducção sob a crosta oceânica. Até mesmo a rocha deixada na superfície é aquecida e espremida de formas que não devem ocorrer em Marte. Então, paradoxalmente, pode ser que as rochas mais antigas de Marte estejam melhor preservadas do que as rochas mais jovens da Terra”.
A missão
O novo robô pousará na Cratera Jezero, no equador marciano, onde observações por satélite sugerem que havia um lago profundo no passado.
Se micróbios um dia viveram dentro ou em torno desse corpo de água, as assinaturas de sua presença devem estar retidas em sedimentos que podem ser facilmente perfurados hoje.
Um dos principais alvos da missão serão os depósitos de carbonato que parecem se alinhar ao que teria sido a costa do lago. “Carbonatos são um tipo de mineral que se precipita na água. O que é realmente bom durante esse processo é que prendem tudo o que está na água. Então, tudo o que vive lá pode ficar preso dentro do mineral”, explicou Briony Horgan, da Universidade de Purdue em Indiana (EUA).
O ideal seria encontrar formações que se pareçam com estromatólitos, estruturas de carbonato que na Terra foram construídas por micróbios. O rover escolherá o local mais adequado ao longo da costa para coletar amostras que serão estudadas posteriormente na Terra.
Próximos passos
Ken Farley, cientista-chefe da missão, disse que a rota que o rover tomará após o pouso já está planejada.
O robô será equipado com um sistema de navegação sofisticado que lhe dará autonomia para trabalhar o melhor e mais direto curso entre os pontos de interesse.
Isso deve acelerar drasticamente a chegada a diferentes alvos científicos. “Em um bom terreno, estaremos dirigindo mais de 100 metros por dia”, disse à BBC News.
A NASA e sua contraparte europeia, a ESA, estão atualmente planejando uma missão conjunta para recuperar as amostras do rover até 2040, provavelmente no início da década de 2030. [BBC]
  
Posted: 14 Dec 2018 08:00 AM PST


Publicado na BBC
No ano passado, um vídeo do chef turco Nusret Gökçe temperando sedutoramente um bife com uma pitada de sal gerou milhões de visualizações na internet e rendeu a ele o apelido de “salt bae” (namorado do sal, em tradução literal). Mas não foi apenas o gesto peculiar dele que chamou a atenção.
Somos obcecados por sal – apesar das advertências, consumimos em excesso e colocamos a saúde em risco nesse processo. Mas um contra-argumento está ganhando força, lançando dúvidas sobre décadas de pesquisas e levantando questionamentos ainda sem resposta sobre nosso tempero favorito.
O sódio, principal elemento encontrado no sal, é essencial para que o organismo mantenha o equilíbrio hídrico, o transporte de oxigênio e de nutrientes, e a condução dos impulsos nervosos.
Mas a maioria das populações tem consumido historicamente mais sal do que é recomendado, e as autoridades de saúde do mundo todo têm trabalhado para nos convencer a mudar esse hábito.
Em geral, a recomendação é de que os adultos não comam mais de 6g de sal por dia. No Reino Unido, o consumo chega perto de 8g; nos EUA, de 8,5g.
Mas apenas um quarto da ingestão diária de sódio vem do sal que usamos para temperar a comida – o restante está escondido em outros alimentos, incluindo pão, molhos, sopas e alguns cereais.
O sal ‘oculto’ nos alimentos
Para aumentar a confusão, os fabricantes costumam se referir ao teor de sódio em vez da quantidade de sal, o que pode nos fazer pensar que estamos consumindo menos sal do que de fato estamos.
O sal é composto por íons de cloreto e sódio. Em 2,5g de sal, há cerca de 1g de sódio.
“As pessoas em geral não têm consciência disso e acham que sódio e sal são a mesma coisa. Ninguém te explica isso”, afirma a nutricionista May Simpkin.
Pesquisas mostraram que o excesso de sal provoca pressão alta, que pode levar a derrames e doenças cardíacas, e especialistas concordam que as evidências contra o condimento são convincentes.
O organismo retém mais líquido quando comemos sal, aumentando a pressão sanguínea. O consumo excessivo de sal durante um longo período de tempo pode causar tensão nas artérias e levar à pressão alta prolongada (hipertensão), responsável por 62% dos casos de derrames e 49% das doenças coronarianas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Uma meta-análise de 13 estudos publicados ao longo de 35 anos identificou o aumento do risco de doenças cardiovasculares (17%) e de acidente vascular cerebral (23%) associado ao consumo de 5g extras de sal por dia.
Como você pode imaginar, cortar a ingestão de sal pode ter o efeito inverso.
Em uma análise de oito anos sobre pressão arterial de pacientes, os pesquisadores descobriram que uma redução de 1,4g por dia no consumo teria contribuído provavelmente para diminuir a pressão arterial – que colaborou por sua vez para um declínio de 42% nos derrames fatais e de 40% nas mortes relacionadas a problemas do coração.
Mas, como é comum em estudos observacionais como este, os pesquisadores também concluíram que era difícil isolar completamente os efeitos do consumo reduzido de sal de outros hábitos alimentares e estilo de vida. Aqueles que são mais conscientes a respeito da ingestão de sal costumam ter uma alimentação mais saudável em geral, praticar mais exercícios físicos, não fumar e beber menos.
Estudos randomizados de longo prazo comparando pessoas que comem muito ou pouco sal podem estabelecer uma relação de causa e efeito. Mas existem poucas pesquisas deste tipo por causa de implicações éticas e de financiamento.
“Testes randomizados mostrando o efeito do sal sobre o corpo são quase impossíveis de realizar”, diz Francesco Cappuccio, professor de medicina cardiovascular e epidemiologia da Universidade de Warwick, na Inglaterra, e autor do estudo de oito anos.
“Mas também não há testes randomizados para obesidade ou fumo, que sabemos que podem te matar.”
Enquanto isso, os indícios com base em observação são abundantes.
Depois que o governo japonês lançou uma campanha para convencer as pessoas a reduzirem a ingestão de sal no fim dos anos 1960, o consumo diminuiu de 13,5g para 12g por dia. No mesmo período, foram registradas quedas na pressão arterial e uma redução de 80% nas mortes por acidente vascular cerebral.
Na Finlândia, o consumo diário de sal caiu de 12g no fim da década de 1970 para 9g em 2002, e houve uma redução de 75-80% nas mortes por derrame e doenças cardíacas no mesmo período.
Diferentes fatores
Mas um fator complicador adicional é que os efeitos do consumo de sal na pressão arterial e na saúde do coração diferem de um indivíduo para outro.
Estudos mostram que a sensibilidade ao sal varia de pessoa para pessoa, dependendo de diversos fatores – como etnia, idade, índice de massa corporal, saúde e histórico familiar de hipertensão. Algumas pesquisas indicam que indivíduos com mais sensibilidade ao sal correm mais risco de terem pressão alta associada à ingestão do condimento.
Alguns cientistas argumentam agora, no entanto, que uma dieta com baixo teor de sal também é um fator de risco para o desenvolvimento de pressão alta – assim como o alto consumo. Em outras palavras, existe uma curva em forma de J ou U com um limiar na parte inferior, onde os riscos começam a subir novamente.
Os pesquisadores argumentam que a ingestão de menos de 5,6g ou mais de 12,5g por dia está associada a consequências negativas para a saúde.
Um estudo diferente envolvendo mais de 170 mil pessoas encontrou resultados semelhantes: uma relação entre a baixa ingestão de sal, definida como inferior a 7,5g, e maior risco de doenças cardiovasculares e morte em pessoas com ou sem hipertensão, em comparação a um nível moderado de ingestão de até 12,5g por dia (entre 1,5 a 2,5 colheres de chá de sal). Essa ingestão moderada é o dobro da recomendação diária do Reino Unido.
Ponto de equilíbrio
O principal autor do estudo, Andrew Mente, epidemiologista nutricional da Universidade McMaster, em Ontário, no Canadá, concluiu que a redução da ingestão de sal – passando do alto consumo para moderado – diminui o risco de pressão alta, mas não oferece outros benefícios para a saúde. E aumentar a ingestão – passando do baixo consumo para moderado – pode ajudar também.
“A descoberta de um ponto ideal intermediário é consistente com o que você esperaria de qualquer nutriente essencial. Em níveis altos você tem toxicidade e em níveis baixos você tem deficiência”, diz ele.
“O nível ideal é sempre encontrado em algum lugar no meio.”
Mas nem todo mundo concorda.
Cappuccio é contundente, por sua vez, ao afirmar que a diminuição da ingestão de sal reduz a pressão arterial em todas as pessoas – não apenas em quem consome em excesso.
Segundo ele, os estudos realizados nos últimos anos que mostraram descobertas contrárias são poucos, contam com participantes que já estão doentes e confiam em dados falhos – incluindo o estudo de Mente, que coletou amostras de urina em jejum dos participantes, em vez de realizar vários exames durante um período de 24 horas (para servir de comparação e avaliar a precisão dos mesmos).
Sara Stanner, diretora de ciências da Fundação Britânica de Nutrição, concorda que é forte o indício de que a redução do consumo de sal em pessoas hipertensas diminui a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas. E não tem muita gente consumindo níveis tão baixos quanto 3g, quantidade que algumas pesquisas consideram perigosamente baixas.
Seria difícil chegar a esse patamar, explica Stanner, devido aos níveis de sal que encontramos nos alimentos que compramos.
“Muito do sal que consumimos está presente nos alimentos que fazem parte do nosso dia a dia”, diz ela.
“É por isso que a reformulação em toda a cadeia de alimentos é a abordagem mais promissora para reduzir o consumo de sal em nível nacional, como tem sido no caso do Reino Unido.”
Os especialistas também divergem sobre a hipótese de a alta ingestão de sal poder ser compensada por uma dieta saudável e exercícios. Alguns, incluindo Stanner, dizem que uma alimentação rica em potássio, encontrado em frutas, legumes, nozes e laticínios, pode ajudar a compensar os efeitos adversos do sal sobre a pressão arterial.
Para Ceu Mateus, professor de economia da saúde na Universidade de Lancaster, na Inglaterra, a prioridade deve ser tomar consciência do sal escondido nos alimentos, em vez de tentar evitá-lo completamente.
“Os problemas que temos em relação ao excesso de sal podem ser semelhantes àqueles relacionados ao baixo consumo, mas ainda precisamos fazer mais pesquisas para entender o que de fato acontece. Enquanto isso, uma pessoa saudável será capaz de regular pequenas quantidades”, diz Mateus.
“Devemos ter consciência de que sal em excesso é muito ruim, mas não devemos eliminá-lo completamente da dieta.”
Apesar de estudos recentes sugerirem ameaças potenciais de uma dieta pobre em sal e diferenças individuais na sensibilidade ao condimento, a conclusão mais consagrada das pesquisas existentes é que sal em excesso definitivamente aumenta a pressão arterial.
  
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